quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Abundânica de informação é abundância de conhecimento?

"Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
Todos dizem que a Capela Sistina tem teto, mas ninguém suspeita para que é que ela serve.
Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um cateto."


Muito se diz a respeito da quantidade enorme de informação que está sendo produzida e “consumida” nos dias atuais mas pouco se discute sobre os reais impactos que tais mudanças estão tendo sobre o nosso cotidiano.
É certo que o processo de criação de conhecimento mudou bastante com a evolução da tecnologia. Hoje em dia, quando se deseja adquirir conhecimento sobre um assunto a primeira coisa que se faz não é refletir sobre o tema e sim, pesquisar no google o que existe sobre aquele tema. A partir de então, caso a resposta já não saia pronta, você pesquisa por alguns sites o que as pessoas querem dizer e, através de uma “colcha de retalhos” tece a sua opinião a respeito do tema.

Existem livros e publicações polêmicas sobre esse assunto como, por exemplo, “A obesidade mental” de autor desconhecido (embora haja pessoas que digam que foi Andrew Oitke) ou então entrevista de Humberto Eco ao jornal “El País” onde se diz que a velocidade da web causará perda de memória.

Situações cotidianas como “Como é que se escreve a palavra consciência?” ou questões filosóficas como “Será que o uso do twitter é prejudicial?“ muitas vezes não são mais refletidas e questionadas pelo interlocutor que prefere, na maioria das vezes, digitar sobre isso no google assim que a dúvida surge e, antes do cérebro processar e refletir a pergunta a resposta já está pronta e então ele apenas copia e cola o resultado.

A abundância da informação ainda gera uma certa desconfiança da informação encontrada pois em muitos casos se faz necessário a confirmação da fonte e da própria informação.

Devemos, entretanto, refletir sobre as diversas vantagens da enorme quantidade de informação produzida e transmitida assim como a facilidade para tal. Entusiastas, como Berin Szoka, participante da “Technology libertation front” (Frente de Libertação da Tecnologia), afirmam que a a abundânica de informação é muito importante para a criação de uma sociedade equalitária pois somente com a possibilidade de acesso a várias fontes de informação e não apenas a fontes que possam ser manipuladas ou que são geradas apenas por um grupo seleto de pessoas a sociedade é capaz de adquirir conhecimento verdadeiro e crítico.

Como exemplo prático poderíamos levar em consideração o processo de produção desse pequeno texto. Seria possível, facilmente, que ao pesquisar sobre abundância de informação ou produção de conhecimento no google, em apenas alguns minutos eu encontrasse um texto que discutisse sobre o assunto e então o copiado e re-transmitido. Entretanto, ao fazer isso, o meu poder de análise crítica e as vantagens de se possuir abundância de informação seriam completamente inúteis. Ao contrário, quando eu reflito sobre o assunto, pesquiso a opinião de várias pessoas, confirmo as fontes, leio sobre conceitos e opções e, a partir disso, produzo um conhecimento a respeito do assunto eu estou utilizando ao meu proveito a abundância da informação.

E então, qual o seu método de produção de conhecimento? Você acredita qe possuir uma abundância de informação é algo possitivo? Ou seria apenas para aqueles que são capazes de utilizá-lo? E, agora, sem pesquisar na internet, você acha que podemos realmente perder a memória com a utilização de ferramentas como o google?

Fontes:
http://www1.folha.uol.com.br/folha/informatica/ult124u400939.shtml
http://techliberation.com/2009/07/06/three-cheers-for-information-abundance/
http://www.theshallowsbook.com/nicholascarr/The_Shallows.html
http://yupnet.org/zittrain/




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